Concurso de Arquitetura. 2014. Menção Honrosa.
Praça Cívica – estratégia de implantação
O projeto para a sede administrativa da Câmara Municipal de Porto Alegre parte do princípio que a melhor forma de reverenciar e respeitar a arquitetura e o simbolismo do Palácio Aloísio Filho, sede do Poder Legislativo Municipal e exemplar da arquitetura moderna do Rio Grande do Sul, não está no mimetismo ou na continuidade do gabarito ou da tipologia, mas na construção do vazio: o espaço cívico.
A praça cívica é o ponto de partida da proposta e se apresenta como continuidade física e simbólica da Av. Clébio Sória. Uma marquise linear atravessa a praça de norte a sul, criando um eixo sombreado, como extensão da avenida cultural que atravessa o interior do Palácio. Ao longo desse espaço são realizadas atividades cívicas, culturais, de circulação, convivência e contemplação. Além de ser um elemento de articulação entre os diversos elementos do conjunto edificado, a praça cívica se configura como espaço democrático, de convergência e encontros, como marco simbólico do Poder Legislativo Municipal.
A praça é o elemento definidor da estratégia de implantação e solução tipológica da nova sede administrativa, que se resume em dois elementos de composição:
(1) um bloco horizontal que ocupa toda a extensão do lote e cuja cobertura serve de piso à praça elevada, sobrepondo-se ao bloco de apoio existente. Nesse conjunto estão concentradas as atividades de apoio e convivência;
(2) um bloco vertical, implantado no extremo sul da praça, onde se concentram as atividades administrativas das diretorias, além de espaços de convivência no térreo e na cobertura.
A orientação solar também definiu a implantação e favoreceu a configuração da praça e a relação visual do conjunto com o Guaíba e o Parque. Dessa forma, o bloco de escritórios, situado na extremidade do lote, tem suas fachadas mais extensas voltadas para norte e sul, orientação mais favorável para os ambientes de trabalho.
Distribuição do Programa
O programa foi distribuído em dois grupos principais de atividades: (1) apoio e convivência no bloco horizontal e (2) administrativas e de gerência no bloco vertical. Os dois blocos são articulados pela praça cívica, situada no térreo superior, onde se concentram atividades de convivência, exposições e recepção.
O bloco vertical, sobre pilotis, garante a permeabilidade visual da praça em direção ao Parque e ao Guaíba. As áreas de escritório das diretorias estão distribuídas nos quatro pavimentos e a cobertura recebe o espaço recreativo, o café panorâmico e o heliponto.
O bloco horizontal se distribui em dois pavimentos: o térreo inferior e o subsolo técnico. Na porção norte do térreo inferior foram locadas as atividades de apoio, manutenção e serviços, devido à proximidade do acesso de carga e descarga. Na porção sul do bloco, voltados para o Parque e em torno dos núcleos de circulação vertical, foram distribuídos os espaços de eventos, reuniões e convivência. O subsolo técnico abriga os espaços de armazenamento, arquivo, equipamentos e áreas técnicas.
Fluxos e Instalações
O principal eixo de circulação horizontal entre o Palácio e a nova sede é a marquise, que corta a Praça Cívica (térreo superior) de norte a sul. A partir da praça e da marquise, pode-se acessar os espaços de convivência e o auditório (situados no térreo inferior) por meio de escada, de rampa ou por meio dos elevadores situados nos núcleos de circulação vertical. O acesso também pode ocorrer pelo térreo inferior, pela área de embarque e desembarque.
A circulação entre os pavimentos do bloco vertical ocorre por meio de dois núcleos de circulação e serviços, onde estão situadas as escadas de emergência, elevadores, sanitários e compartimentos técnicos (instalações de ar-condicionado, telefonia e dados).
Na face norte do térreo inferior está situado o acesso de carga e descarga, assim como desembarque coberto.
Sistema Estrutural e Etapas de Construção
O sistema estrutural é definido por pilares, vigas e lajes nervuradas em concreto armado, em vãos de 10,0 x 7,5m no bloco vertical e 10,0 x 15m no bloco horizontal. Nas extremidades, balanços de 2,5 m e 5 m.
Propõe-se a execução nas seguintes etapas, com possibilidade de ocupação parcial: execução do bloco horizontal e praça cívica na primeira etapa e execução do bloco vertical na segunda etapa.
Conforto ambiental e Eficiência Energética
A fim de priorizar soluções passivas de conforto térmico e o máximo de eficiência energética, foram adotadas no projeto as seguintes estratégias:
(1) implantação e orientação mais favorável do bloco de escritórios, voltando as maiores fachadas para norte e sul;
(2) utilização de elementos de proteção (brises horizontais) em torno de todo o edifício, dimensionados para proteger as fachadas com maior incidência (norte, leste, oeste e sudoeste). Além de proteger da incidência do sol nessas fachadas, ajudam a maximizar a iluminação no interior do ambiente por meio de reflexão, inclusive na fachada sul.
A edificação foi projetada com o objetivo de alcançar o máximo de eficiência energética, com soluções que permitem a obtenção do nível A do Programa Brasileiro de Etiquetagem em Eficiência Energética (PBE Edifica), nos três tópicos de avaliação: envoltória, sistemas de climatização e iluminação. Além da máxima eficiência dos sistemas, o projeto irá agregar soluções complementares para minimizar o impacto ambiental, como a utilização de placas fotovoltaicas para a geração de energia, placas solares para aquecimento de água e sistema de tratamento e reuso de águas pluviais e águas cinzas.